VASCONCELOS (JOÃO TEIXEIRA DE) – ÁFRICA VIVIDA
VASCONCELOS (JOÃO TEIXEIRA DE) – ÁFRICA VIVIDA
Memórias de um caçador de elefantes.
Livraria Fernando machado. Porto. 1957. In-8º de XX-402-I págs. Br.
Curioso livro africanista, versando sobre o tema da caça mas também com vários apontamentos etnográficos e INESPERADO E QUASE DESCONHECIDO PREFÁCIO DE RAUL BRANDÃO.
Sobre o autor, passamos a transcrever, com a devida vénia, de https://digitarq.cpf.arquivos.pt/details?id=1226196
“João Teixeira de Vasconcelos era o sexto filho de João Pereira Teixeira de Vasconcelos e Carlota Guedes Monteiro de Carvalho. Nasceu na Quinta de Pascoaes em Gatão, Amarante, em 1882 e faleceu em fevereiro de 1965, na sua casa, no centro de Amarante.
“A sua família era nobre e abastada. O seu pai foi juiz, deputado, par do Reino, presidente da Câmara Municipal de Amarante, governador civil de Viseu e do Porto. A infância foi passada no solar de Pascoaes e concluídos os estudos liceais ingressou no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Aí, por não concordar com as praxes estudantis abriu com uma moca a cabeça a onze estudantes, tendo ido parar à cadeia. O governador da cidade, que era seu avô, castigou-o enviando-o para África, para que “refrescasse as ideias”. Assim, embarca para Angola, para trabalhar numa plantação de borracha de uma companhia inglesa.
“Segundo os relatos do seu livro “África Vivida”, em 1908 estava em Quelimane, Moçambique, como terceiro aspirante” da Alfândega.
“Com 20 anos passa umas férias na Beira em casa do seu amigo José de Magalhães, chefe das terras de Vilanculos, que organizava caçadas. Outros europeus, Sousa Pereira, Abrantes e Friedland, residentes em Inhambane eram também atraídos a estas terras pela abundância da caça grossa. É das incursões com José de Magalhães que começa o sonho de caçar elefantes.
“Em finais de 1912 administrava a fazenda “Colónia Agrícola S. João”, situada em Cazengo, Angola.
“Foi chefe do posto de Quibocolo, no Congo português, em 1913 e em 1914 por indicação do Governador, Dr. Jaime Morais, foi encarregue de montar junto à fronteira do Congo Belga, o posto de Sacandica, que ficava “junto ao rio Cuílo, uma região de morros, (…) onde predominam as grandes florestas”. Depois de se dedicar à construção de casas no posto deu início à concretização do sonho de caçar elefantes. Acolhe Giatiça, um nativo negro, como seu “pisteiro” (guia das caçadas).
“Por esta altura encontra o seu amigo e colega de escola Augusto Casimiro que viria a escrever o prefácio das “Memórias de um caçador de elefantes”.
“Em outubro de 1914 o Governador do distrito do Congo dá-lhe ordem de explorar a navegabilidade do rio Cuílo. O objetivo principal de João Teixeira de Vasconcelos foi conhecer “a profundidade do rio, suas cataratas e o volume máximo e mínimo da água, variável conforme as estações do ano”. Acompanhado de 3 nativos, de entre os quais Giatiça, e doze carregadores que os seguiam pela margem, percorreu o rio desde a foz do Buenga, passando à foz do Lunga, nas planícies do Suá-Ipôpo, até à confluência do rio Cuílo com o rio Cuango.
“A notícia da morte do pai, em 1922, fá-lo regressar a Portugal. Neste período, apaixona-se por Maria do Carmo Pereira Sotto-Mayor Lencastre e casa em 1923.
“Logo de seguida volta às suas funções ao Congo de onde regressa definitivamente a Portugal, em 1926.
“Em Amarante, arranja emprego nas minas da Campeã, no alto do Marão e ocupa o resto do tempo a educar os filhos, a restaurar a sua casa, a cuidar das propriedades e a escrever as memórias de África.
“Em 1924, as Edições Maranaus publicam a primeira edição das aventuras da sua estadia por terras de África, sob o título “Memórias de um caçador de elefantes”, prefaciada por Raúl Brandão, amigo da família. A segunda edição, de 1927, foi acrescida dos capítulos “África Vivida”.
“A revista “O Mundo Português”, em 1934, edita alguns dos capítulos destes livros.
“Em 1957, sai uma terceira edição que condensa os dois livros: “África vivida: Memórias de um caçador de elefantes”.
“Estas publicações são acompanhadas de fotografias do autor. No capítulo “Curiosidades de África” refere as dificuldades que teve nesta tarefa: “Para conseguir uma pequena coleção inutilizei grande quantidade de chapas, por minha culpa, do tempo e, mais ainda, do material que chega às mãos do operador velho de mais, penetrado daquela humidade que atinge mesmo aos nossos próprios ossos. (…) A câmara de trabalho fotográfico era a minha tenda. Não funcionava em noites de luar ou de chuvas pesadas. Principalmente as chuvas e o vento punham em perigo a barraca. O luar velava-me os clichés”.
Do índice:
MEMÓRIAS DE UM CAÇADOR DE ELEFANTES
Prefácio da primeira edição
I – O meu primeiro elefante
II – A vida de um caçador nas selvas
III – No planalto de Mazenquele
IV – Os búfalos
V – Cinco elefantes
VI – Exploração do Cuilo
VII – Costumes indígenas
VIII – Morte do Giatiça
IX – O Macuta
X – A última caçada no Pombo
ÁFRICA VIVIDA
I – Uma praga de gafanhotos
II – Inhambane – Vilanculos
III – A morte de um leão
IV – A morte de uma jibóia
V – Um caso de justiça em Quibocolo
VI – O Rio Zaire
VII – Morte de um conselheiro em terras de Malange
VIII – Circuncisão
IX – Caçada infeliz
X – Dois dias numa ilha do Baixo Zaire
XI – D. Pedro VII, Rei do Congo
XII – Por terras do Cuango
XIII – Uma hiena que morre
XIV – Uma noite mal passada
XV – Curiosidades de África
XVI – Novo rumo
Exortação à mocidade
Nota à margem de dois livros
Miolo em muito bom estado de conservação; as capas estão envelhecidas, acidificadas e têm ínfima falha de papel. Assinatura de posse na primeira página em branco.
INVULGAR.
50,00 €
Vendido