CUNHA (EUCLYDES DA) – OS SERTÕES
CUNHA (EUCLYDES DA) – OS SERTÕES
(Campanha de canudos). Por… (6ª edição corrigida). Edição definitiva de acordo com as emendas deixadas pelo autor.
Livraria FRANCISCO ALVES. Rio de Janeiro São Paulo. Belo Horizonte. 1923. In-8º gr. de 620-IV págs. Enc.
É este livro a obra prima de Euclydes da Cunha (1866-1909), originalmente publicado em 1902 e considerado como o primeiro livro-reportagem brasileiro.
Por bastante completa, passamos a transcrever da wikipédia:
Os Sertões é um livro do escritor e jornalista brasileiro Euclides da Cunha, publicado em 1902. É considerado como o primeiro livro-reportagem brasileiro.
Trata da Guerra de Canudos (1896-1897), ocorrida em Canudos, município do interior da Bahia. Euclides da Cunha presenciou uma parte da guerra como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo. Pertence, ao mesmo tempo, à prosa científica e à prosa artística. Pode ser entendido como uma obra de Sociologia, Geografia, História ou crítica humana, mas não é errado lê-lo como uma epopeia da vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão da elite.
O crítico Enio Squeff considera Os Sertões uma das três grandes epopeias da língua portuguesa, podendo ser comparada à Ilíada — assim como Os Lusíadas podem ser comparados à Eneida e Grande Sertão: Veredas, à Odisseia
Considerada uma obra pré-modernista, o estilo de Os sertões é conflituoso, angustiado, torturado. Dá a impressão de sofrimento e luta. O autor faz uso de muitas figuras de linguagem, às vezes omite as conjunções (assindetismo), outras repete-as reiteradamente (polissintetismo). Ocorre, com frequência, a mistura de termos de alta erudição tecnocientífica com regionalismos populares e neologismos do próprio autor.
Euclides da Cunha deixou claro em Os Sertões seu ponto de vista no que se refere ao racismo. Como a maioria dos de sua época, acreditava numa “raça superior”, e em sua íntima relação com os de pele clara. Acreditava no embranquecimento dos brasileiros evitando a miscigenação com “raças inferiores”, para que se pudesse manter uma certa “estabilidade”, e assim, ter uma definição sistematizada da “raça brasileira”. A obra foi concebida segundo o esquema rigoroso do determinismo de Taine, que via o homem como um produto de três fatores: meio ambiente, raça e momento histórico. As teses e os princípios científicos adotados pelo escritor envelheceram, achando-se na sua maioria desacreditados, atualmente. O determinismo considerava o mestiço brasileiro uma raça inferior, e Euclydes da Cunha compartilha desta visão. Escreve, por exemplo: “Intentamos esboçar, palidamente embora, ante o olhar de futuros historiadores, os traços atuais mais expressivos das sub-raças sertanejas do Brasil. E fazemo-lo porque a sua instabilidade de complexos, aliada às vicissitudes históricas e deplorável situação mental em que jazem, as tornam talvez destinadas a próximo desaparecimento ante as exigências crescentes da civilização”
Como contribuição às ciências sociais, encontra-se nesta obra de Euclides da Cunha a separação da nação brasileira entre os povos litorâneos e os interioranos. A compreensão de cada uma dessas partes permitiria a compreensão do país como um todo, uma vez que se tinha nas cidades litorâneas polos de desenvolvimento político e econômico e no interior do país condições de atraso econômico que subjugavam suas populações à fome e à miserabilidade. No entanto, ao analisar os fatos ocorridos em Canudos, o autor refuta a noção de que no litoral se encontrariam condições de avanço civilizatório em oposição ao interior. Pelo contrário, aponta que tanto os litorâneos quanto os interioranos, cada qual em suas especificidades, se encontrariam em um estádio bárbaro de sociedade, bastava atentar para a crueldade com que se reprimiu o movimento de Antônio Conselheiro. Além do que, tanto uns quanto os outros eram dados ao fanatismo, fosse pela República de Floriano Peixoto, fosse pela religiosidade de Conselheiro.
Esta sua noção de estádios bárbaros e civilizados de sociedade estão em consonância a seu pensamento evolucionista spenceriano. Também se alinha com isso sua metodologia em compreender as singularidades de cada elemento separadamente para, enfim, compreender o todo. No caso, buscou compreender as populações litorâneas e as interioranas como elementos do Brasil como um todo
O livro divide-se em três partes: A terra, O homem e A luta.
Na primeira parte são estudados o relevo, o solo, a fauna, a flora e o clima da região nordestina. Euclides da Cunha revelou que nada supera a principal calamidade do sertão: a seca. Registrou, ainda, que as grandes secas do Nordeste brasileiro obedecem a um ciclo de nove a doze anos, desde o século XVIII, numa ordem cabalística.
O determinismo julgava que o homem é produto do meio (geografia), da raça (hereditariedade) e do momento histórico (cultura). O autor faz uma análise da psicologia do sertanejo e de seus costumes, é uma descrição feita pelo sociólogo e antropólogo Euclides da Cunha, que mostra o habitante do lugar, sua relação com o meio, sua gênese etnológica, seu comportamento, crença e costume; mas depois se fixa na figura de Antônio Conselheiro, o líder de Canudos. Apresenta seu caráter, seu passado e relatos de como era a vida e os costumes de Canudos, como relatados por visitantes e habitantes capturados. Estas duas partes são essencialmente descritivas, pois na verdade “armam o palco” e “introduzem os personagens” para a verdadeira história, a Guerra de Canudos,
Fala sobre o que foi a Guerra de Canudos e explica com riqueza de detalhes os fatos dessa guerra que dizimou a população de Canudos. Uma descrição feita pelo jornalista e ser humano Euclides da Cunha, relatando as quatro expedições a Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra. Retratando minuciosamente movimento de tropas, o autor constantemente se prende à individualidade das ações e mostra casos isolados dos acontecimentos da guerra.
Encadernação editorial em material sintético.
Em bom estado geral de conservação. Tem antiga assinatura de posse no anterrosto de José Lello, datada do Rio de Janeiro, 1923.
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